12 de maio de 2002,
este dia entrou para a história da F-1 como primeira vez onde o
vencedor de uma prova foi vaiado pelos seus próprios torcedores (já
que 80% das arquibancadas austríacas estavam ocupadas por torcedores
alemães).
A revolta foi geral, recebi inúmeros telefonemas de parentes, amigos e
colegas questionando a decisão da Ferrari, criticando, sentindo-se
enganados...
Pessoas procurando espaço na mídia deram declarações criticando, que
boicotarão a categoria, uma verdadeira revolta popular...
Mas vamos aos fatos!
Existe um contrato, que deve prever uma multa descomunal em caso de
desobediência, que o brasileiro Rubens Barrichello assinou com a
Ferrari, dizendo que o brasileiro deve obedecer a equipe.
Se Barrichello assinou é porque concorda e sabe das conseqüências.
Isto fere a esportividade da F-1? Desde quando a F-1 é esporte? Alguém
acha que o mesmo Michael Schumacher mereceu o título de 1994, quando
jogou o carro para cima de Damon Hill na Austrália e a FIA fez vista
grossa para compensar as punições que deu ao alemão (que naquele
tempo não era nada querido pela cúpula da FIA)!
Alguém se lembra de quando Michael Schumacher jogou seu carro sobre o
de Jacques Villeneuve na decisão pelo título de 1997, em Jerez, em
clara atitude anti-desportiva! Qual foi a punição? Perda do
vice-campeonato, mas não dos pontos, das vitórias, de nada...
Se alguém ainda acredita que a F-1 é um esporte, é melhor ir assistir
a provas de autorama, pois no circo de Mosley, Ecclestone e Schumacher
manda quem pode e obedece quem tem juízo!
A última disputa, entre dois pilotos, onde não houve jogo de
interesses mesmo foi entre Ayrton Senna e Nigel Mansell em 1991 e 1992,
e Senna e Prost em 1993. Depois disto entramos em uma fase da F-1 onde o
que menos importa é o talento, a capacidade e sim os interesses
comerciais.
Será que é mais importante para os patrocinadores da Ferrari ter
mercado na Alemanha e Europa ou no Brasil?
Claro que o grande perdedor de hoje é o esporte, já que milhões de
pessoas sentiram-se ludibriadas por meia dúzia de dirigentes e um
piloto que não respeitam o esporte, que não tem honra nem ética.
Pessoas que não tem espírito de competição e que se utilizam de todo
e qualquer meio para vencer.
E não se trata de patriotada, pois foram os próprios torcedores de
Schumacher que o vaiaram ao final da prova, fazendo o pódio parecer uma
arena romana.
Mas isto é a F-1 e quem não aceitar isto, que assista outras
categorias ou compre fitas dos anos 60, 70 e 80!
O mais interessante é que a FIA, além de não prever punição, ainda
permite que as equipes mexam, a partir dos boxes, no funcionamento dos
carros, ou seja, se o brasileiro não tivesse obedecido poderiam ter
desligado o carro do brasileiro e divulgar, mais uma vez, que o carro do
brasileiro azarado teve problemas hidráulicos ou eletrônicos.
Outro fator interessante foi o espetáculo a parte de Michael
Schumacher, que chegou a comemorar a vitória na pista, levantando os
braços, mas ao perceber a reprovação do público, a cara de seu irmão
Ralf, passou a fazer uma bela cena (digna de Hollywood) fingindo estar
contrariado, colocando Barrichello no alto do pódio, dando a ele o troféu...Que
cena!!
Schumacher estaria rindo hoje do papel de Rubens, se não tivesse ele
tido sua imagem arranhada...
Se tem alguém que poderia ter evitado isto tudo, este alguém é
Michael Schumacher. Ele teria moral junto a todos da equipe para
"desobedecer" a equipe e ficar atrás do brasileiro e neste
caso sim, ele estaria mostrando sua gratidão pelo trabalho que
Barrichello fez e está fazendo.
Agora ficará uma dúvida no ar, será que as próximas vitórias do
Michael Schumacher também serão merecidas ou será que Barrichello não
começará a ter ainda mais problemas mecânicos, seu carro não terá o
mesmo rendimento do de Schumacher...
Vamos aguardar!!