Vasco tenta convencer o Ministério Público a extinguir o processo de interdição do estádio, cria força-tarefa e divulga manifesto para reabrir São Januário ao público.

Gabriela Sabino

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Na tarde desta quinta-feira, 31 de agosto, com o objetivo de reverter a interdição do estádio para o público, o Vasco se reuniu com autoridades e representantes das comunidades do entorno de São Januário para discutir uma força-tarefa. E uma medida que já está sendo tomada, de acordo com o clube, é a preparação das catracas do estádio para a instalação de sistemas de biometria e reconhecimento facial.

A principal linha de ação do Vasco é tentar convencer o Ministério Público a extinguir o processo. Há conversas em andamento com a entidade por um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Uma das exigências foi a implantação sistemas de reconhecimento na entrada do estádio.

O presidente do Conselho Deliberativo do clube afirmou que o clube já prepara as catracas para receber a tecnologia.

“Hoje nos colocamos na vanguarda. Vocês puderam ter acesso ao estádio. As catracas estão sendo preparadas para biometria e reconhecimento facial. Óbvio que não vai ser um processo simples que será resolvido amanhã. Nós e o Ministério Público sabemos disso. O movimento que fizemos para o MP foi: estamos fazendo, não prometendo. Então a gente acredita e espera que, despido de preconceito o Ministério Público possa avaliar com a gente e chegar a termo com a gente para que a gente possa ajustar a conduta e chegar a termo para a abertura de São Januário” considerou.

Gisele Cabrera, diretora jurídica do Vasco, reforçou que havia um planejamento para instalação da tecnologia antes mesmo da ação movida pela Justiça.

“O Vasco já tinha um planejamento de implementar independentemente dessa Ação Civil Pública. A gente precisa evoluir com o tempo. Era um plano e obviamente com essa ação fica mais urgente. A gente tem capacidade. A Imply que é nossa nova empresa de acesso consegue fazer a biometria digital e a facial, que é até mais eficiente. Estamos prontos para assinar o TAC com o Ministério Público.”

A reunião contou dirigentes do clube social e SAF, havia também políticos da esfera municipal e estadual favoráveis à causa, representantes das favelas, além de membros de torcidas organizadas.

O encontro foi realizado um dia após uma audiência no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) manter a proibição de público em São Januário. O Vasco vai recorrer da decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.

“Decidimos um conjunto de ações. Serão lideradas pelo Clube de Regatas Vasco da Gama e SAF. Pelos torcedores e pelas lideranças comunitárias do nosso entorno“, disse o vice-presidente geral do clube Carlos Osório.

O clube também divulgou um manifesto oficial em que atribui a proibição de torcida nos estádio ao preconceito com a região em que o estádio está inserido, na zona norte da cidade.

“O Vasco é o único clube, dentre os 20 que disputam a principal competição nacional, a estar impedido de disputar partidas em sua casa, ao lado de sua torcida, por decisão que extrapola os aspectos esportivos e o regulamento da competição”, diz um trecho do documento.

Membros da Prefeitura do Rio também apresentaram um estudo que aponta os problemas financeiros enfrentados por moradores do entorno do estádio em decorrência da proibição de público.

Segundo a pesquisa, os estabelecimentos da região têm um recuo de 60% no faturamento em dia de jogos. Entre 200 e 300 funcionários extras deixam de ser contratados para trabalhar nos dias de grande demanda, além de 300 autônomos em média. Isso numa região cuja renda de 60% dos trabalhadores que procuram emprego não passa de um salário mínimo.

Vânia Rodrigues, presidente da associação de moradores da Barreira do Vasco, reforçou o discurso sobre a dificuldade que moradores das favelas do entorno têm enfrentado devido à ausência de público e, consequentemente, clientela para os diversos estabelecimentos comerciais, que sustentam a economia da região.

“Meu pedido é que possam olhar com carinho não só pelo clube e a Barreira do Vasco. Mas que veja que o Vasco é sofrido desse jeito. O Vasco cresceu junto com a Barreira e esse elo não pode ser quebrado” afirmou Vaninha, presidente da associação de moradores da Barreira do Vasco.