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C O L U N A     D E     E C O N O M I A
01 / Janeiro / 2005

Vergonha
Por Marcos Cintra    

A entidade Transparência Internacional divulgou recentemente em Londres o seu relatório da corrupção. Anualmente o órgão capta informações junto a empresários e analistas de vários países para classificar onde a maracutaia corre mais solta.

Em 2004 o levantamento da Transparência Internacional analisou 146 nações. Em países como a Finlândia, Nova Zelândia, Dinamarca, Islândia e Cingapura, por exemplo, a corrupção alcança índices baixíssimos. Os mais corruptos da lista são Bangladesh e Haiti.

Segundo apontou o relatório a corrupção nos grandes projetos públicos é um dos maiores canais de desvio de dinheiro público e representa um enorme entrave para o desenvolvimento de um país. Os recursos desviados dos cofres públicos diminuem os investimentos em áreas vitais como saúde e educação e nas ações de combate à pobreza.

A situação do Brasil na pesquisa não é nada cômoda. O país ocupa a 59ª posição no relatório e atingiu um grau de corrupção quase endêmica. Uma vergonha! Países latino-americanos como o Chile, Uruguai, El Salvador e Suriname são classificados como menos corruptos que o Brasil.

É triste, revoltante e preocupante o que acontece com o suado dinheiro do contribuinte brasileiro entregue ao poder público. A classe média não agüenta mais pagar tanto imposto e ver que boa parte vai pelo enorme ralo da corrupção. Para piorar, sofre os terríveis efeitos do aumento da miséria causada pela carência de investimentos sociais.

Recentemente, ações empreendidas pela Polícia Federal e Ministério Público desbarataram quadrilhas que atuavam em diferentes segmentos da vida pública. No entanto, parece que todo o impacto causado pela dimensão dos crimes apurados representa uma pequena fração das negociatas que ainda ocorrem no submundo da vida pública.

Segundo a AGU (Advocacia Geral da União), há seis anos, quando a lei de lavagem entrou em vigor, a maior preocupação contra esse tipo de crime recaia sobre o tráfico de entorpecentes. Hoje o que se sabe é que 70% do dinheiro que se lava no Brasil decorre da corrupção e de crimes contra a administração pública.

O Brasil registra casos emblemáticos de corrupção como o da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo, cujo montante desviado é calculado em US$ 100 milhões, e também o caso Waldomiro Diniz, que negociava favorecimento em concorrências públicas e que abalou o governo do presidente Lula. Outro caso bastante suspeito, e que vem sendo questionado pela Justiça, refere-se ao megacontrato no valor de R$ 20 bilhões que a prefeitura de São Paulo tentou celebrar com empresas que exploram serviços de limpeza urbana na capital.

Estimativas do Banco Central e do Ministério Público apontam que todo ano pessoas físicas e jurídicas estabelecidas no Brasil enviam cerca de US$ 17 bilhões a paraísos fiscais como parte de operações para lavagem de dinheiro.

O Brasil precisa empreender uma faxina gigantesca em suas instituições. É necessário combater esse tumor maligno impregnado na vida pública que é a corrupção. Não é possível que o brasileiro tenha que trabalhar mais de quatro meses e meio para abastecer os cofres públicos e uma minoria se aproprie desses recursos de maneira inescrupulosa e sorrateira.

O princípio da restrição orçamentária vale para qualquer agente econômico. Mais do que crescer, o país precisa resgatar uma enorme parcela marginalizada da população. Tudo isso demanda recursos que precisam ser aplicados de modo eficaz e eficiente. Com orçamentos públicos já insuficientes frente á enorme demanda social, torna-se dramático investir com a corrupção comendo parte do dinheiro.

A Transparência Internacional considera o combate à corrupção como um dos instrumentos mais eficientes para se diminuir a miséria no mundo.

Além de contribuir para o aumento da pobreza, a corrupção consiste num fator importante na tomada de decisão de investimentos por parte das empresas. Países onde o problema atinge grau elevado são preteridos em relação aos que dispõem de mecanismos eficientes de combate a esse tipo de crime.

Tanto a grande corrupção, que envolve somas vultosas como o superfaturamento de obras e as fraudes em licitações e concorrências, assim como a pequena corrupção, traduzida em valores relativamente baixos de subornos e propinas, condenam cada vez mais pessoas à miséria material, moral e intelectual.

O país deve ser passado a limpo. A degradação moral dos que deveriam zelar pela eficiência na gestão pública e pela qualidade de vida do cidadão está contribuindo para a proliferação da violência e da ignorância.

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PUBLICAÇÕES AUTORIZADAS EXPRESSAMENTE PELO DR. MARCOS CINTRA
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