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C O L U N A     D E     E C O N O M I A
01 / julho / 2005

NOVO RUMO NA ECONOMIA
Por Marcos Cintra    

Em meio a sua maior crise política desde que tomou posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passou a cobrar medidas capazes de reverter os rumos da política econômica ainda neste ano. A combinação do quadro político e econômico fez acender uma luz amarela na cúpula petista neste final de mandato. O projeto de reeleição sofreu um duro golpe, apesar da imagem do presidente não ter sido diretamente atingida com as denúncias de corrupção.

No âmbito econômico a situação causa apreensão em função da drástica queda que a atividade produtiva vem registrando. O governo festejou o crescimento de 4,9% do PIB em 2004 e esperava algo em torno de 3,5% nos anos seguintes. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o mercado financeiro trabalham com números que apontam uma expansão do PIB entre 2,5% e 2,8% para 2005.

A preocupação do governo faz sentido na medida em que a recente reunião do Copom manteve o juro básico em 19,75%. Apesar da taxa anunciada ter marcado a interrupção de nove aumentos consecutivos, a ata divulgada na última semana deixou claro que a Selic permanecerá nesse patamar por um período “suficientemente longo” como forma de manter a inflação sob controle. Indicadores de preços mostram que a série de aumentos iniciada em setembro do ano passado atingiu o objetivo de derrubar a expectativa inflacionária. O centro das preocupações explicitado pelo Copom refere-se ao preço internacional do petróleo e o risco que isso representa para a inflação futura.

Não dá para comemorar a interrupção dos aumentos da Selic. A taxa real verificada no Brasil é a mais alta do mundo e isto tem pressionando fortemente o câmbio, cujos efeitos sobre as contas externas já estão se manifestando. Dados mostram que o real valorizado começa a ter impacto negativo sobre o balanço de pagamentos. O superávit em conta corrente no mês de maio ficou abaixo do esperado por analistas. Havia a expectativa no mercado de um resultado positivo entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão e o que se verificou foi um saldo de US$ 615 milhões. No mesmo mês do ano passado o superávit foi de US$ 1,5 bilhão. Os itens que mais pesaram para a redução do saldo no mês passado foram as remessas de lucros e dividendos, turismo, aluguel de equipamentos e royalties. Além dos efeitos negativos para as contas externas, a manutenção do elevado juro primário pressiona as contas públicas, uma vez que 55% da dívida mobiliária está indexada à Selic. Em abril de 2005 os gastos acumulados em 12 meses com juros nominais somaram mais de R$ 116 bilhões, 6,3% do PIB.

Portanto, a economia brasileira vive um impasse. Os juros elevados e o real valorizado mantêm a inflação em níveis aceitáveis, mas há um comprometimento da atividade produtiva que já se faz sentir. O consumo das famílias e os investimentos das empresas estão sendo fortemente afetados e as exportações em breve começarão a registrar o impacto do câmbio apreciado. Nessa situação, é inevitável a desaceleração da atividade produtiva.

A projeção de crescimento econômico de 3,5% para este ano já não será possível de ser realizada. Havia a expectativa do efeito de medidas como a implementação da PPP (Parceria Público-Privadas) e da retirada de itens que compunham o cálculo do déficit primário como compensações ao engessamento das finanças públicas. No entanto, a efetivação dessas medidas caminha de modo lento demais e, dificilmente, serão fatores determinantes para elevação dos níveis de investimentos neste ano.

A ênfase da política monetária calcada nos juros estratosférico chegou ao seu limite e começa a ser um entrave ao crescimento. O quadro que se apresenta obriga o governo a rever o mix que compõe sua política econômica. O juro Selic precisa ser reduzido de modo relativamente acelerado e o câmbio deve se posicionar num patamar adequado à realidade brasileira, de tal forma que se crie um ambiente que permita ao país voltar a crescer nos próximos anos. Isto é possível desde que o mesmo peso que se deu no passado ao câmbio e aos instrumentos monetários como mecanismos de controle inflacionário e crescimento do PIB ocorra agora no campo das finanças públicas. O déficit público e a demasiada rigidez dos gastos precisam ser revistos. Mas isto é tema para outro artigo.

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PUBLICAÇÕES AUTORIZADAS EXPRESSAMENTE PELO DR. MARCOS CINTRA
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