OUTRO DIA...
Por Fernanda de Lima Molina

            Outro dia fui feliz! Espanto-me ao ler meu próprio pensamento. Outro dia.

            Por que?

            O hoje não se faz presente para mim, sorrisos passaram, foi-se a luz da casa. A culpa é minha, porque tive de crescer? Se as pessoas não me aceitam, lamentavelmente digo, aqui, com toda convicção: -“Outro dia, fui feliz”.

            Outro dia, estava pescando, e você sabe, pescadores gostam de contar historias, e, eu tinha uma. Disse... tinha? É mesmo, tinha, verbo ter, no passado. Incrível, essa palavrinha é estranha não é mesmo? Tão pequena, e muitas vezes triste. Enquanto pescava, ele me olhava, admirado e pensativo, como sua pequena pode gostar das mesmas coisas que ele? Isso é mágico.

            Mas, a pequena cresceu, e isso, se perdeu, tornou-se, outro dia.

            Fútil isso não? Esse era meu pensamento, hoje, quero mais.

            Muitas pessoas, necessitam das lembranças de um “outro dia”, bem assim, como eu. Meus outros dias, memorizados em minha mente me permitem sorrir, ou apenas, recordar lembranças, que se tornaram esquecidas diante de outras pessoas. Lutando para que, mesmo triste, na maioria das vezes, feliz meu passado, não se perca em fotos amareladas, cartas das quais, a tinta se vai, como o sopro de um vento.

            Quem não tem lembranças, não tem histórias. Viva suas lembranças, sinta-as. Deixe-as entrar em seu coração. Sorria pois, o riso, é o melhor remédio.

            Ame seu próximo, permita que as pessoas entrem em seus “outros dias”, viva, ame, chore, lute, grite, pule, esqueça, lembre-se, divirta-se, trabalhe, mas não esqueça seus outros dias, pois um dia leva o outro, e o outro e o outro... Outro dia não faz de você mais velho, outro dia faz você mais vivido. Se tivermos força de vontade e capacidade, podemos tirar muitas coisas proveitosas de nossos outros dias.

            Culpe-se, permita-se, erre, vença. Mas faça.

            Não deixe que nenhum de seus outros dias, seja esquecido, ou simplesmente, sem importância.

            Lembre-se, apenas, lembre-se, não importa quantos anos passem, você sempre terá outro dia.

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