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NEGÓCIOS &
VENDAS
01 / dezembro / 2005
CONVERSANDO
SOBRE GESTÃO ESTRATÉGICA
Por Nildo Leite (*)
Sabemos que
manter a competitividade em alta é um desafio permanente para todas as
empresas. Uma das “ferramentas” para sustentar essa capacidade é a gestão
estratégica. É um processo e deve ser de responsabilidade da alta administração.
Entretanto, deve ser compartilhado com outros níveis de gerência, quando
houver, buscando o envolvimento e comprometimento de todos para o planejar, o
gerenciar, o executar, o acompanhar e o de corrigir rumos quando necessário. É
um processo macro e essencial para a condução de um negócio marcado nos dias
de hoje pela necessidade de mudanças muitas vezes radicais, inúmeras turbulências,
etc.
A gestão estratégica pode ser implementada, considerando-se as proporções e
necessidades, em grandes, médias e também pequenas empresas. Ao pensar em adotá-la,
faz-se necessário em primeira instancia, a vontade e a disposição.
A partir do momento em que se decide realmente pela gestão estratégica do negócio,
o passo seguinte é a elaboração do plano. Vale lembrar que se trata de
atividade que necessita de investimento em tempo e em dinheiro. Faço essa
lembrança por já ter visto planos “engavetados” ou mau implementados. Não
é uma tarefa “do outro mundo” mas também não é simples. Exige, entre
outras coisas, informações consistentes, coerentes, relevantes e em sintonia
com o mercado, conhecimento teórico-prático da área de planejamento estratégico,
postura, firmeza de propósitos, seriedade e liderança.
Na elaboração do plano, deveremos atentar para a dimensão do tempo de abrangência
e as etapas.
Quando citamos etapas, lembramos de que é elementar analisarmos os
ambientes da empresa.
Devemos considerar para a análise do ambiente externo os seguintes componentes:
econômico, político, legal, demográfico, tecnológico, social e natural. Alem
desses, não podemos esquecer da análise da concorrência, da probabilidade de
novos competidores, dos produtos e ou serviços que podem ou substituem os
nossos em alguma ocasião/situação, os fornecedores existentes e os
consumidores/clientes. Cabe analisar também as tendências e os números do(s)
segmento(s) de mercado em que a empresa atua. Desta análise, identificamos as
oportunidades e as ameaças tanto presentes como futuros. Bom lembrar que uma
ameaça pode vir a tornar-se oportunidade.
Para a análise do ambiente
interno, consideramos, em geral, os aspectos inerentes às áreas de marketing,
finanças, recursos humanos e produção da empresa. Esta análise tem por
objetivo mostrar-nos as nossas deficiências e qualidades, ou seja, nossos
pontos fortes e fracos. Não podemos esquecer de estabelecer uma comparação
com outras empresas do setor, sejam elas concorrentes diretas ou indiretas ou,
ainda, potenciais concorrentes.
Após esta análise,
elaboramos as declarações da “visão” e da “missão” da empresa, ou
seja, deveremos estabelecer a posição que desejamos estar no futuro e as
atividades que deveremos concentrar nossos esforços para alcançarmos tal posição.
Tanto para a visão quanto para a missão, devemos defini-las de forma simples e
clara. É preciso que todos na empresa entendam, partilhem e sintam-se
motivados. Na missão, dentre os tópicos que podem ser abordados podemos citar:
tecnologia, qualidade,
responsabilidade social, compromissos com os clientes internos e externos e com
a sociedade. Chamo a atenção para procurar evidenciar na “missão” o
conceito do negócio.
Recomendo, após as declarações da
“visão” e da “missão” o estabelecimento dos “FaCS” (Fatores Críticos
de Sucesso) para o negócio. Os “FaCS” são um número limitado de condições
que asseguram a consecução da missão da organização. São os aspectos-chave
nos quais as coisas têm que dar certo para obtenção dos resultados esperados.
Elaboradas a “visão” e a “missão” e estabelecidos os “FaCS”
devemos declarar os “princípios” e os “valores” que nortearão a
empresa e que contribuam de forma elucidativa. Para estas declarações “a prática
deverá refletir o discurso”. Não basta apenas escrever, devemos praticá-las
e o não cumprimento levará ao descrédito. Normalmente, algumas dessas declarações
envolvem questões éticas. Não devemos apenas citá-las para “fazer de
conta” que praticamos na empresa e até individualmente. A sociedade de uma
forma geral não aceita nem tolera mais ser ludibriada e enganada.
Ao partirmos para a definição dos objetivos da empresa, uma outra
etapa, lembramos que estes deverão ser claros,
entendidos, escritos e comunicados, quantitativos quando for o caso, realizáveis
para que funcionem como tensores
motivacionais, operacionalizáveis e consistentes. Deve
ser compartilhado e absorvido por todos os integrantes da equipe.
Vencidas as etapas anteriores, a empresa deverá identificar e desenvolver
estratégias gerais e funcionais, de forma combinada, para atuar, posicionar-se
e alcançar os objetivos propostos.
Para as duas etapas anteriores, devemos tomar o cuidado para com o planejamento
da estrutura da organização, ou seja, entre outros assuntos, atentar para as
instalações e equipamentos, o estabelecimento de procedimentos necessários e
a preparação dos colaboradores para o exercício das suas atividades. Neste último
aspecto, deveremos fornecer os meios para auxiliá-los nos seus desempenhos e no
trabalho em equipe. Cabe, inclusive, uma melhor identificação do perfil dos
colaboradores para que possam até trabalhar multidisciplinarmente e desenvolver
suas competências e potencialidades.
Agora é a hora de desenvolver um plano contendo as ações.
Essas ações devem derivar das estratégias. Normalmente utilizamos um
quadro contendo a descrição de cada ação, como será desenvolvida e
implementada, quem será o responsável por cada uma delas, os prazos para a
implementação e quanto custará para a empresa.
A última etapa a ser elaborada é a de como será feito o controle e a
auditagem da gestão em curso. Recomendo, entre outros pontos, medir o
desempenho e comparar esse desempenho medido com os padrões existentes, fazer
uma análise concentrada, desenvolver soluções alternativas e tomar atitudes
corretivas caso haja necessidade.
Alguns lembretes/recomendações importantes:
·
Gestores deverão
procurar ter a visão de negócio e não apenas dos seus produtos e/ou serviços;
·
Gestores deverão
procurar repensar os seus e os “paradigmas” da organização;
·
Gestores não podem ser
paternalistas;
·
Gestores não podem e
nem devem reter informações como forma (ultrapassada) de assegurar o poder.
·
A comunicação na
empresa deverá ser em todos os sentidos (de cima para baixo, de baixo para cima
e horizontalizada) e transparente, fortalecendo a participação das pessoas em
todos os processos. É nesse novo ambiente que os colaboradores estão ganhando
mais espaço e contribuindo;
·
Quando uma empresa
decidir contratar profissionais no mercado para auxiliá-las, sejam elas para
colaborar regidos por vínculo empregatício ou mesmo consultores externos, deve
avaliá-los em termos de conhecimento, competência técnica,
capacidade de relacionar-se e de trabalhar em equipe, experiência,
honestidade e caráter;
·
Todos numa empresa
devem atentar para a relação com os fornecedores, comunidade onde está
inserida, enfim, com todos os públicos que, de alguma forma, fazem parte da sua
existência;
É preciso que os gestores sejam líderes para ouvir e dar a devida importância às sugestões, críticas e análises dos colaboradores. Valorizar o que o cliente interno diz é essencial para conseguir atender o cliente externo superando suas expectativas. Não esquecer de que a satisfação do cliente interno estará repercutindo na satisfação e manutenção do cliente externo.
* Nildo Leite é Consultor de
Empresas, empresário-lojista, palestrante, coordenador e professor de cursos de
pós-graduação e graduação em instituições de ensino em Salvador-Bahia nas
áreas de Gestão Estratégica e Marketing. É mestrando em
Marketing e Gestão Empresarial pela Universidade Internacional de Lisboa –
Portugal, pós-graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e
Marketing (ESPM-SP), em Administração com ênfase em Recursos Humanos pela
Universidade Estácio de Sá (UES-RJ) e em Estudos de Política e Estratégias
Nacionais pela Escola Superior de Guerra (ESG/ADESG-BA). Email: [email protected].
MATÉRIA AUTORIZADA EXPRESSAMENTE PELO SEU AUTOR
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