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16 / setembro / 2005
A FORÇA DO EXEMPLO
Por Fábio Violin (*)
A força de
um exemplo supera toneladas de palavras e conselhos.
Nas olimpíadas
de 1968, no México o tanzaniano John Stephen Akwari cruzou a linha de chegada
uma hora e meia após o último maratonista, chegou com a perna enfaixada e
manchada de sangue, ferido e com dor, mesmo assim foi até o fim.
Quando
questionado a respeito da razão de não ter abandonado a prova já que estava
ferido Akwari respondeu "Meu país não me mandou atravessar 14.000 quilômetros
de distância para competir apenas na largada". "Meu país me mandou
aqui para completar a prova".
Este
atleta não ganhou a prova, mas foi aplaudido pelas pessoas que ainda estavam
presentes como um verdadeiro campeão.
Nas
olimpíadas de 1984 na prova da maratona feminina o mundo viu a americana Joan
Benoit vencer a prova, a frente da favorita, a norueguesa Grete Waitz - que
havia superado a americana em 10 das ultimas 11 provas. Mas, para muitos, a
imagem duradoura da perseverança e resignação humana é atribuída a
Gabrielle Andersen-Scheiss, que neste mesmo dia arrastou-se quase cambaleando
pelos 400 metros finais da prova por quase longos 7 minutos, totalmente
prostrada.
Incentivada
pela multidão Gabrielle cruzou a linha de chegada de forma dramática, com
dores, cambaleante e quase movida apenas pelo desejo de chegar, o corpo
praticamente já não respondia mais.
Esta
corredora chegou ao final da prova, totalmente castigada pelos efeitos do
intenso calor daquele dia. Foi o 37º lugar mais aplaudido da história das
olimpíadas. Muita gente ainda se arrepia ao assistir ao vídeo ou ver alguma
foto desta atleta.
Uma
senhora fez uma longa viagem para falar com Ghandi. Ao ser recebida, disse:
Mestre
este meu filho tem diabete. Por favor, peça a ele que pare de comer açúcar.
Ghandi
respondeu:
Minha
senhora, peço que retorne daqui a duas semanas.
Passados
15 dias a senhora voltou com o garoto e imediatamente ouviu o mestre solicitar
ao menino para parar de comer açúcar.
A
mulher ficou intrigada e perguntou:
Mestre,
por que o senhor não lhe disse isso 15 dias atrás?
Ghandi
respondeu:
Como eu poderia pedir algo a ele se eu mesmo não fazia.
Estas
pessoas são lembradas e aclamadas por seus exemplos, cada uma a sua maneira,
cada uma da melhor forma que podia deixou marcada a mente daqueles que conhecem
sua história, são pessoas que demonstraram a força do exemplo.
Freqüentemente,
em palestras ou cursos pergunto as pessoas: Quem é seu herói ou quem você
mais admira no mundo?
A
resposta mais freqüente é: meu pai ou minha mãe ou ainda meus pais.
E
a razão de serem considerados ídolos ou heróis não é simplesmente pelo fato
de terem um laço de sangue, mas fundamentalmente por ensinarem (bem ou mal)
coisas da vida. Por agirem de forma a influenciar o comportamento dos filhos,
sua visão de mundo, seus valores, tudo isto pelo exemplo.
Tendemos
a ouvir ou seguir aqueles que prioritariamente nos conquistam ou nos mostram com
ações, com seu exemplo os caminhos mais corretos, os perigos a serem evitados
ou o erro que estamos cometendo ou prestes a cometer.
Nada
é mais forte do que o exemplo.
Existem
diversos responsáveis por empresas ou grupos de pessoas que pregam isto e
aquilo, que dizem o que deve ser feito, que expressam o que querem e dão a
impressão de saberem para onde conduzem os resultados, mas apenas falam, seus
atos não correspondem ao que pregam, e os resultados são: colaboradores
frustrados, pessoas que não compram e muito menos vendem as idéias que foram
pregadas, descontentamento e críticas.
Os
exemplos podem vir do cotidiano de pessoas comuns com atitudes incomuns, como o
caso real de uma dona de faculdade. No começo ajudava a limpar as salas,
organizar e limpar os banheiros, arrumar a biblioteca entrava em sala de aula e
ainda tinha tempo para cuidar do crescimento, dos problemas e das reclamações
dos alunos além de cuidar da criação dos dois filhos. Ela mostrava com seus
atos o que deveria ser valorizado dentro da faculdade
O
resultado: quatro unidades, mais de 5.000 alunos e uma reputação sólida, o
respeito dos concorrentes, a admiração de seus funcionários e, sobretudo o
orgulho de seus alunos em estarem estudando em uma instituição séria e
progressiva.
Ao
contrário, também temos os exemplos ruins, como o curioso e desconcertante
caso de uma secretária de advogado. Ela estava completamente frustrada e
desmotivada em função de como seu "chefe" trabalhava. Ele dizia que
ela deveria tratar o cliente como um rei, dar atenção, não fazê-lo esperar,
que deveria se organizar e anotar tudo, que ela era sua "escudeira", o
primeiro contato com o cliente, sua porta voz e representante. Mas freqüentemente
ele não lembrava de dar retorno ao cliente, e em uma de diversas vezes o
cliente chegou ao escritório e disse que tentou entrar em contato várias vezes
por telefone, mas não recebera nenhum retorno - a secretaria havia passado os
recados e lembrado de que o cliente estava esperando o contato. O advogado
simplesmente repreendeu a secretária na frente do cliente dizendo que não
sabia da situação e que ela seria responsabilizada por isto, entrou em sua
sala com o cliente e depois fingiu que nada aconteceu. Para se livrar do
problema, culpou outra pessoa, sua fiel "escudeira".
A
gestão pelo exemplo deveria começar a ser tratada com a importância que tem e
a influência que exerce no dia-a-dia. Pequenos gestos, comportamentos e
maneiras de lidar com os problemas levam aos demais nossa imagem que é
processada pelos clientes internos (colaboradores) e também externos (reais e
potenciais).
A
velha frase "faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço" deve ser
abandonada. As pessoas estão cada vez menos tolerantes com aqueles que pregam a
mudança e são os primeiros a boicota-la. Que dizem que a organização é
importante e não cuidam sequer da arrumação da própria mesa. Que dizem terem
o foco no cliente, mas se escondem quando há problemas ou pior perdem clientes
em função de seu descaso, arrogância ou prepotência.
Trabalhe
a força do exemplo positivo e você verá como se torna mais fácil vender idéias
e comprometer pessoas.
(*) Professor
Universitário, palestrante e consultor de empresas.
AUTORIZADA FORMALMENTE A PUBLICAÇÃO DESTE
A PROPRIEDADE INTELECTUAL DOS TEXTOS É DE SEU AUTOR
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