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A D E E C O N O M I A
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CAMINHÕES,
TRÂNSITO E CUSTO URBANO
Por
Dr. Marcos Cintra
(*)
A IMINÊNCIA de um colapso no trânsito paulistano levou a prefeitura a restringir a circulação de caminhões na região central da cidade como forma de minimizar a crise de mobilidade instalada no município. Os primeiros dias dessa restrição mostraram resultados satisfatórios e revelaram que a medida pode ajudar a reduzir os bilionários prejuízos que a lentidão no trânsito impõe a todos.
Ainda que alguns técnicos argumentem que é cedo para avaliar os efeitos das medidas, vale comparar os congestionamentos nos primeiros quatro dias de funcionamento das restrições com as médias observadas em julho de 2007.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a média dos engarrafamentos no período da manhã em julho do ano passado atingiu o pico de 61 km; com a restrição aos caminhões, a maior extensão ficou, na média dos quatro primeiros dias, em 48 km, ou seja, houve redução de 21,3%. No período da tarde/noite, os congestionamentos atingiram, respectivamente, os índices máximos de 134 km e 126 km às 19h, com queda de 6%. Vale citar que às 20h, período em que a lentidão historicamente ainda é crítica na cidade, a diminuição foi de 24%.
Em determinados períodos do dia, o impacto positivo das medidas tem sido bastante significativo. Entre 8h e 10h, houve queda nas médias dos congestionamentos de em torno de 20%. Já no período de 12h30 às 14h, a redução foi da ordem de 35% e, das 17h às 20h, os engarrafamentos foram quase 10% menores.
A conclusão é que as novas regras de circulação para os caminhões na cidade de São Paulo estão gerando benefícios significativos. A retirada de metade da frota que circula na região central da cidade está reduzindo os congestionamentos e, conseqüentemente, a velocidade média dos veículos aumenta, provocando redução nos prejuízos que o trânsito travado impõe à sociedade.
Se a queda nas extensões dos congestionamentos provocasse elevação da ordem de 25% na velocidade média dos veículos, os ganhos econômicos seriam expressivos. Os cidadãos deixariam de desembolsar mais de R$ 1 bilhão por ano - cerca de R$ 2,74 milhões por dia - apenas com o consumo adicional de combustíveis e com os gastos relacionados ao tratamento dos efeitos da poluição sobre a saúde.
Além disso, haveria a redução no custo por quilômetro das mercadorias transportadas na cidade e o resultado final seria um ganho pecuniário anual da ordem de R$ 1,6 bilhão. Se a esse valor for adicionado o custo relacionado ao menor tempo que as pessoas vão permanecer paradas durante os horários de pico, os benefícios seriam superiores a R$ 8 bilhões por ano - cerca de R$ 22 milhões por dia.
A restrição à circulação de caminhões é um ponto de partida para São Paulo começar a desatar o nó no trânsito. Outras medidas devem se somar a ela como forma de enfrentar uma situação que se tornou crítica e que ameaça se aprofundar. É preciso que o poder público e o setor produtivo atuem em sintonia visando aliviar o estresse diário imposto aos paulistanos quando se deslocam pela cidade e reduzir os elevados custos que a lentidão gera.
É importante que a administração municipal adote uma posição aberta e participativa para que a solução a ser implantada, após anos de descaso, resulte em uma situação compatível com os interesses de todos os envolvidos.
(*) Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, 62 anos, bacharel em economia (1968), mestre em planejamento regional (1972) e em economia (1974) e, doutor pela Universidade de Harvard (1985), é vice-presidente e professor-titular da Fundação Getúlio Vargas desde 1969, ex-vereador e Secretário de Planejamento de São Paulo (SP) entre 1993-1996, ex-deputado federal (1999/2003), ex-Secretário Municipal de Finanças de São Bernardo do Campo (SP) de 2003 a 2006.
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PUBLICAÇÕES
AUTORIZADAS EXPRESSAMENTE PELO DR. MARCOS CINTRA
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