A seleção feminina de vôlei do Brasil conseguiu mais uma vitória por sets 3 a 0 na Olimpíada de Pequim, contra a Itália, neste domingo, e encerrou a primeira fase sem perder nenhum set em cinco jogos. Para o técnico José Roberto Guimarães, o segredo é "reza e treino."

            "Estou rezando muito para o papai do Céu proteger elas", disse Zé Roberto, após seu time aplicar 25-16, 25-20 e 25-17 contra as italianas, tradicional força do voleibol mundial. "É reza e treino", acrescentou sobre o que faz entre as partidas.

            Segundo o treinador, o resultado por enquanto tem sido surpreendente, mas o momento agora é de pensar no mata-mata da próxima fase, em que o time deve enfrentar ou China ou Japão nas quartas-de-final.

            Zé Roberto afirmou que ambas as equipes são perigosas, mas que a seleção chinesa, atual campeã olímpica, é mais difícil de ser marcada por se movimentar bastante e ter mais combinações de ataque.

            "A China envolve o adversário, é uma equipe extremamente perigosa", disse o treinador sobre as medalhistas de ouro em Atenas, há quatro anos. "É um time mais alto que o Japão e tem uma levantadora excepcional", acrescentou.

            O Brasil, como primeiro colocado em seu grupo, pega o quarto colocado da outra chave nas quartas-de-final. A Itália passou em segundo na chave das brasileiras, enquanto no outro grupo, Cuba e EUA ficaram com as primeiras posições.

            "Agora é outro campeonato, nervoso e complicado por conta da pressão e da ansiedade, de não se poder perder", disse o técnico.

BLOQUEIO DECISIVO

            No clássico do voleibol feminino entre Brasil e Itália, o bloqueio foi decisivo para a vitória das brasileiras. A equipe fez 19 pontos apenas nesse fundamento.

            A partida começou sem que nenhuma equipe conseguisse abrir vantagem no placar. Fofão encontrou uma boa solução para o ataque com Paula Pequeno, mas do outro lado, a capitã Eleonora Lo Bianco dificultava a defesa brasileira acionando Serena Ortolani.

            O Brasil conseguiu desempatar no 10º ponto, com bloqueio de Mari, Fofão e Walewska formando um paredão contra a equipe italiana.

            Aos gritos da torcida brasileira de "está dominado, está tudo dominado", o Brasil abriu vantagem de sete pontos e, com tranqüilidade, foi superior no bloqueio e recepção para fechar o set em 25 a 16.

            No segundo set, a Itália começou a usar mais a jogada de velocidade no meio-de-rede, surpreendendo o bloqueio de Walewska e Mari. Mas não durou muito. Logo o Brasil abriu vantagem de seis pontos (14 a 8). Num dos momentos mais emocionantes do set, um rali com ótimas defesas do Brasil e da Itália acabou em ponto italiano, e o técnico brasileiro chamou o time para conversar, com a Itália encostada no placar, com 22 a 21 para o Brasil

            Fabiana, de 1,93 metro, foi uma gigante na rede e, além de fazer sucessivos bloqueios, fechou o set em 25 a 22 para o Brasil num ataque de velocidade.

            "Estamos muito bem no bloqueio, mas ninguém esperava que a gente fosse fazer 3 a 0 em cinco jogos. A gente tem que manter a concentração porque o campeonato começa agora", disse a meio-de-rede do Brasil.

            No terceiro set, o mais disputado, Fabi brilhou em bolas quase perdidas e recepções de algumas pancadas italianas que passavam pelo bloqueio brasileiro.

            O placar só começou a se definir depois do 10º ponto, quando o Brasil abriu vantagem de cinco. A seleção ainda ampliou mais o marcador para fechar em 25 a 17.

            "A gente está numa crescente, melhorando a relação entre bloqueio e defesa. Todo mundo está de parabéns porque esse fundamento tem ajudado muito" disse Paula Pequeno.