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O LADO AVESSO DE CADA UM
Por Jerônimo Mendes (*)
Quando você vê alguém, naturalmente, vê apenas a ponta do iceberg acima da água, segundo Harry e Cristine Beckwith, autores de Venda-se: a arte de construir uma imagem. De fato, a maioria das pessoas com quem nos comparamos o tempo todo, independentemente do que possam parecer, estão sujeitas a falhas, deslizes de toda ordem, têm vários defeitos e, em muitos casos, conseguem ganhar menos do que você e vivem mais insatisfeitas. O lado avesso de cada um é sempre uma incógnita e nem sabemos porque nos preocupamos com ele.
A impressão que temos é a de que todas as pessoas ao nosso redor são
mais felizes, possuem mais bens, conseguem as coisas com mais facilidade e
vivem mais sorridentes. De alguma forma, estamos sempre tentando nos
aproximar delas ou queremos ler e conhecer algo a seu respeito para
descobrir e copiar a razão do seu sucesso, como se a felicidade alheia fosse
algo assim transferível, num passe de mágica. No fundo, é a inveja reprimida
dentro de cada um de nós.
Pessoas são pessoas, nada mais do que pessoas, com todas as suas
virtudes e os seus defeitos. A diferença entre elas está no ego – grandes e
pequenos egos. Entretanto, não existe ego que não tenha o seu
calcanhar-de-aquiles, o que nos leva a crer que todas as pessoas são frágeis
embora a maioria demonstre uma falsa condição de superioridade ou de uma
força superior indestrutível. Como diria Millôr Fernandes, há mais de 20
anos, como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos muito bem.
Graças a Deus, não temos o dom de conhecer o lado indescritível nem
irremediável das pessoas. Se nos fosse concedida essa dádiva, a decepção
seria grande; portanto, é melhor alimentar a nossa própria fantasia, afinal,
não somos infalíveis também. Quando nus diante do espelho, somos
completamente iguais e incorrigíveis, frágeis, carentes, cheios de dúvidas e
de complexos. As roupas são as melhores amigas do homem e da mulher, pois
ajudam a esconder um pouco a sua própria hipocrisia.
Comparar a si mesmo com outros durante o tempo todo é, de fato, uma
perda de tempo irrecuperável. Não podemos ser outra pessoa embora possamos
fingir ser alguém que não somos. Quando agimos assim, na melhor das
hipóteses, as pessoas ao nosso redor vão nos aturar, porém vão reconhecer
facilmente a nossa hipocrisia e rejeitar a nossa falsa integridade.
Todos os seres humanos têm dois lados: um deles é o comum,
previsível, facilmente retocável de acordo com as circunstâncias. Em último
caso, um bom banho e uma roupa limpa resolvem. O outro é imprevisível,
incomum, impossível de ser maquiado, atormentado com freqüência pela nossa
vigilante consciência. E não há nada que castigue mais uma pessoa do que a
sua própria consciência.
Equilibrar os dois lados é um desafio; deixar de ser o que não somos,
de parecer o que não parecemos; de querer, a qualquer custo, o que não
podemos ou não precisamos. De alguma forma, competimos o tempo todo sem
saber o motivo verdadeiro da guerra. Em geral, somos aquilo que as pessoas
descobrem facilmente que não somos.
Infelizmente, não podemos evitar o julgamento nem o pré-julgamento
alheio, mas podemos evitá-los a partir de nós mesmos. Apesar de condenável,
em muitos casos, o comportamento alheio não nos diz respeito. Temos o nosso
lado avesso também. Se algum dia ele vier à tona, feito um iceberg, talvez
tenhamos vergonha só de lembrar o que fizemos com muita gente. Pense nisso e
seja feliz.
(*) Jerônimo Mendes é Administrador,
Consultor e Palestrante. Autor de Oh, Mundo
Cãoporativo! (Qualitymark) e Benditas Muletas (Vozes), é
Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE.
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