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E S T R A N G E I R I C E S
"Uma estória de amor pelo diferente"

CAPÍTULO XXIII - 16.05.2011
Por Juliana Ximenes
(*)

Comecei a estudar o calendário. Bom, com a Eve não dava – compromissos e muito quente; setembro também não – Ramadã, e eu não estava afim de não poder comer e beber em público e, pior, de nem sequer poder encostar meu dedo mindinho no Hathi; outubro...é, começo de outubro! Comuniquei o Hathi...e morri de raiva.

Depois de todos os meses longos de espera e crises existenciais, depois de todo o tempo me achando a louca, destemperada, problemática, que “gosta virtualmente de um muçulmano, paquistanês, cheio de problemas e conflitos”, enfim, de me ver como uma pessoa que, como diz mamãe, “leu contos de fadas demais na infância”, depois de concluir que apesar dos pesares e de todo o drama fantástico, sim, a gente se veria de alguma forma e outubro era a época... ele me diz: minha irmã vai ter o bebê (sim, ela já estava grávida antes de completar um ano de casada e não, ela não entrará no livro dos recordes da concepção, porque para paquistaneses e muçulmanos o lema “sou casada, logo procrio” cai como uma luva...) bem na época que você quer vir e ela deverá estar em casa para o nascimento e eu tenho a obrigação de levá-la ao hospital e lá permanecer com ela durante os dias de internação (oi!??? Como dizia a Rani da novela “Caminho das Índias”: Onde está marido?). Surtei! Quis saber por que diabos ele ia fazer as vezes de pai da criança! E ele: é assim que funciona aqui! (como eu disse, eles não giram bem... e a diferença cultural, em pequenos detalhes, pode ter um impacto atordoante e enervante... hello!, complementei: a gente nem se viu, mas já decora, se um dia eu tiver “casadoada” com você e a ponto de parir e você não estiver todos os dias bem grudado em mim, seja compartilhando da minha cama, ou dormindo no sofá ao lado – se no quarto do hospital – nem precisa aparecer pra pegar a lembrancinha de “oi, cheguei!” do bebê!). Mas, é cada uma mesmo!

Meu estresse só aumentava... em resumo: eu ia viajar para o outro lado do mundo, talvez tivesse que ir pra além do mundo (Paquistão) para encontrar um cara, um homem grande crescido, escondido (da família dele afff), que eu conheci virtualmente, pelo qual absolutamente sem noção me apaixonei, que não queria se dar à tensão de ir me ver a duas horas de distância... para tudo, né! Não pode ser normal! Poxa, mas eu já fazia terapia há cinco anos... não é possível que não tinha servido pra nada! E o pior, ainda me olha e diz: também não venha antes de tal e tal data, porque eu vou estar ocupado com a mulher e filho alheios (não, eu não sou insensível...e, sim, eu sei que a mulher alheia e o filho alheio eram respectivamente irmã e sobrinho dele, mas poxa...e eu? *triste*). Tive que engolir mais essa... por que eu concordei? Racionalmente nenhuma razão, irracionalmente eu tinha que vê-lo.

Comprei as passagens até Dubai, tirei o visto para os Emirados e, por precaução, meu visto para o Paquistão e... explodiram o Marriott...e o dólar danou-se a subir... que feliz! Era eu me organizando e as coisas se desestruturando ao meu redor... Explosões em Lahore, onde ele mora, se tornaram frequentes... começou a ladainha: não venha! E quem disse que eu queria ir? Foi me dando um medo tremendo... e angústia. Não tinha comprado passagem para o Paquistão. Queria tanto que ele fosse até Dubai... depois quis tanto que o Paquistão estivesse tranquilo... mas, sobretudo queria vê-lo. Mas, eu tinha medo e não achava certo. E isso era motivo suficiente pra me perturbar. Então, enquanto ele me dizia “não venha” e os dólares galopavam em direção ao infinito... eu me perguntava se valia a pena tudo isso e chorava. Quase enlouqueci as pessoas ao meu redor. Minha insegurança era tanta que só faltou eu perguntar a opinião do guardinha do meu quarteirão. Foi quando a Carol (amada azedinha doce) confirmou a ida, no mesmo dia e voo que o meu para Dubai. Guria corajosa, teve lá seus dilemas, mas disse eu vou (à Islambad) e foi mesmo! Foi um drama! Ele, de fato, não iria a Dubai! E eu, de direito, fiquei super magoada!

continua na próxima quinzena...

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