Área Cultural Área Técnica

 Ciência e Tecnologia  -  Colunistas  -  Cultura e Lazer
 
Educação  -  Esportes  -  Geografia  -  Serviços ao Usuário

 Aviação Comercial  -  Chat  -  Downloads  -  Economia
 
Medicina e Saúde  -  Mulher  -  Política  -  Reportagens

Página Principal

C O L U N A     D E     E C O N O M I A
0 1  /  O U T U B R O  /  2 0 1 4

 

Só piora
Por Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque (*)

Difícil missão a do ministro da Fazenda Guido Mantega. A economia brasileira não para de registrar números ruins, mas ele tem que dizer que tudo vai mudar. Se algum indicador apresenta resultado positivo a mensagem é que o país segue em direção a uma “gradual melhoria”. Foi assim quando o IBGE divulgou que a produção industrial de julho cresceu 0,7% em relação a junho. Para o ministro isso representa “uma indicação de que a atividade econômica no segundo semestre vai se recuperar”.

O crescimento da produção industrial em julho não é nenhuma surpresa quando se observa que em junho houve uma concentração de feriados em função da Copa do Mundo. Na terceira semana o feriado de Corpus Christi e o segundo jogo da seleção brasileira praticamente reduziram o número de dias úteis para apenas três. Nas segunda e quarta semanas foram quatro dias úteis. Quando se compara o resultado com julho de 2013 a queda da indústria foi de 3,6% e no acumulado do ano a perda é de 2,8%.

 A situação da economia brasileira em 2014 é bastante desconfortável e preocupante. Praticamente todos os indicadores estão piorando. A expectativa de crescimento do PIB não para de cair deste o começo do ano. Era de 1,99% em janeiro e no último boletim Focus do Banco Central o mercado já esperava um avanço de apenas 0,52%. Em relação à inflação a situação também é ruim. A meta de 4,5% já estourou há muito tempo e hoje está em 6,5%, só não tendo ultrapassado essa marca porque os preços dos combustíveis e da energia elétrica foram represados.

Em relação às contas públicas o quadro só não é pior por causa das manobras contábeis do governo. Na impossibilidade de cumprir as metas de superávit primário o Tesouro recorre às empresas estatais, que repassam dividendos aos cofres públicos para elevar as receitas. No lado das despesas há adiamento de repasses como os do abono do PIS e do seguro desemprego para a Caixa Econômica Federal, que tem que usar recursos próprios para fazer esses pagamentos. Tudo isso para mascarar as finanças públicas, em processo de severa deterioração nos últimos anos.

Outro dado que mostra números ruins se refere ao mercado de trabalho. A redução no número de emprego gerado ocorre sucessivamente. Nos meses de julho entre 2004 e 2013 a geração média de postos de trabalho foi de 145 mil. Em 2014 a criação de vagas no mesmo mês caiu para 12 mil.

A má condução da política econômica resultou na estagnação que o país vive atualmente. Outro ingrediente causador do desempenho pífio da atividade é o exacerbado intervencionismo do governo. Os erros se sucederam e criaram um ambiente de incerteza. Ajustes severos serão necessários em 2015. Será preciso recuperar os fundamentos econômicos no próximo ano e isso vai demandar medidas amargas que terão efeito negativo sobre o mercado de trabalho.

O país vai continuar colhendo resultados econômicos ruins e o PT tem grande parcela de responsabilidade. O partido assumiu em 2003 e encontrou um ambiente favorável para governar. Agora está prestes a deixar o poder e vai entregar uma situação muito ruim para o sucessor.

(*) Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque é doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas.
Internet: www.marcoscintra.org / E-mail: [email protected] - Twitter: http://twitter.com/marcoscintra.

Leia mais sobre economia ==> CLIQUE AQUI

PUBLICAÇÕES AUTORIZADAS EXPRESSAMENTE PELO DR. MARCOS CINTRA
A PROPRIEDADE INTELECTUAL DOS TEXTOS É DE SEU AUTOR


 


FALE CONOSCO ==> CLIQUE AQUI