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- Administração de Empresas -
01 / JANEIRO / 2007

A ADMINISTRAÇÃO DAS RODOVIAS FEDERAIS ESTÁ UM CAOS
Por Fernando Toscano (*)           

            A administração das rodovias federais no país está um caos. Os interesses pessoais e empresariais estão, cada vez mais, acima da qualidade mínima que o cidadão, que paga, poderia aceitar. Durante o final de dezembro pp. e janeiro deste ano estive em viagem desde Brasília até Florianópolis passando por Cristalina (GO) - BR040, Catalão (GO), Uberlândia e Uberaba (MG) - BR050, rodovias estaduais em São Paulo (Anhanguera e Bandeirantes), além das famosas BR116 (conhecida pelo sombrio apelido de "rodovia da morte") e BR101. Foram 18 horas de percurso em pouco mais de 1.700 km. O que vi, em 1.200 dos 1.700 km totais (70%) foi lamentável: rodovias abandonadas, sem sinalização, muitos buracos, excesso de tráfego, falta de apoio aos motoristas, ultrapassagens "desesperadas" pela direita, acostamento, em lombadas, curvas e... acidentes! De quem é a culpa afinal? Não adianta o governo culpar motoristas, tentar um maior rigor na fiscalização se não há bom senso das autoridades federais que gastam fortunas com atividades sem a devida importância e urgência. Um exemplo é o Airbus adquirido para o transporte pessoal do presidente Lula. Com o valor do "brinquedinho presidencial" seriam asfaltados 500 km de rodovias, serviço que atenderia a milhões, ao invés de apenas um. Por que o presidente da República não pode viajar num avião de carreira ou mesmo num avião fretado de empresa brasileira? Seria bem menos oneroso aos cofres públicos já que não haveria necessidade de toda logística de apoio e manutenção nem o aparato de segurança exigido.

            Estive analisando o custo dos pedágios nas rodovias paulistas. Para se atravessar o estado desde a divisa com Minas Gerais até Campinas (via Anhanguera) e, a partir de lá, se utilizar também a rodovia dos Bandeirantes, até o anel rodoviário Mário Covas, a 10 km da capital paulista, são oito pedágios nos seguintes valores: R$ 7,50, R$ 6,10, R$ 8,10, R$ 4,20, R$ 3,40, R$ 4,50, R$ 5,00 e R$ 5,10, totalizando R$ 43,90, ou seja, R$ 87,80 para o percurso de ida e volta. Especialmente a rodovia Bandeirantes (concessão para a Autoban) está excelente. A Anhanguera está bem conservada, apesar de mais antiga, mas no primeiro trecho após Minas Gerais me decepcionei bastante com o desgaste do asfalto e o aparente abandono. O melhor trecho da via Anhanguera é o administrado pela Intervias (fotos).

            O percurso entre Brasília e Uberlândia, apesar do asfalto desgastado e diversas ondulações, está em situação aceitável (o piso). Não há sinal de qualquer tipo de fiscalização, faltam postos de abastecimento, sinalização adequada, etc. A noite o risco é grande tanto de assaltos quanto em casos de emergência com eventuais acidentes ou quebra de veículos que ali transitam. Após Uberlândia e até a divisa com São Paulo (em torno de 140 km) há bons trechos duplicados (embora abandonados) e outros quase prontos e também abandonados. São muitos quilômetros de pistas asfaltadas e sem uso pois falta sinalização e complemento de pista em pouquíssimos trechos para a total duplicação. O descaso dos administradores públicos é total, fico admirado e revoltado com tanta incompetência e inconseqüência.

            Após o anel rodoviário Mário Covas, nas proximidades da cidade de São Paulo, é que o grande risco se inicia. Geralmente chove bastante (ou garoa), há grande trânsito de caminhões - com conseqüente maior quantidade de óleo na pista, muita serra (e serração), rodovia sem sinalização e sem apoio adequado aos motoristas, nenhuma fiscalização e trechos de pista simples com enormes comboios de veículos, caminhões e ônibus disputando metros de asfalto seguro com menos buracos. Vi acidentes graves de veículos que derraparam em curvas cheias de óleo e foram parar do outro lado da pista, infelizmente, embaixo de caminhões. São férias acabadas, prejuízos materiais e, em muitos casos, uma família destruída. Um absurdo! Há previsão legal para situações semelhantes (responsabilidade passiva). Somente assim as "autoridades" deixarão de cuidar dos interesses pessoais (aviões, valeriodutos, sanguessugas, máfia das ambulâncias, mensalões, etc, etc, etc) para cuidar do interesse do povo, do mesmo povo que os colocou lá.

            Penso que o pedágio em valores aceitáveis (R$ 2,00 ou R$ 3,00 a cada 100 km) seriam suficientes para atender às necessidades dos motoristas naquele percurso, senão vejamos: Até Florianópolis vamos determinar a necessidade de 04 (quatro) pedágios distribuídos nos 400 km críticos. Se considerarmos uma média diária de 20.000 veículos de todos os tipos nesse percurso (ida e volta), a R$ 6,00 (sim porque veículos leves pagam bem menos do que ônibus e caminhões - que são maioria ali), seriam R$ 120.000,00 por dia, R$ 3.600.000,00 por mês e R$ 43.200.000,00 por ano. Por pedágio!!! Se o custo operacional médio, num período de 5 anos, chegasse a se estabilizar em 30%, o custo administrativo e demais encargos em mais 30%, o lucro líquido em 10% e os 30% restantes fossem investidos na rodovia, R$ 51.840.000,00 iriam diretamente, todos os anos, para melhoria apenas desse pequeno trecho. Efetuando-se um cálculo simplório, o governo federal poderia emprestar, via BNDES, R$ 80 milhões para reasfaltar todo o percurso e R$ 600 milhões para duplicar o trecho de pista simples, propondo 5 anos de carência e correção pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) que hoje está em 0,5537% ao mês e 6,6444% ao ano (sem capitalizar) com pagamento em 20 anos. Seguindo essa projeção, nesse período, a administradora disponibilizaria para investimentos no trecho de 400km acima propostos cerca de R$ 1 bilhão em moeda de hoje. Seria bastante viável o negócio para os administradores e para o BNDES (que teria o próprio sistema de arrecadação como garantia segura do empréstimo), um ótimo marketing aos administradores públicos e, principalmente, respeito aos motoristas brasileiros e para as empresas que escoam boa parte da produção nacional por aquela rodovia. Esse exemplo poderia ser seguido nos diversos trechos e em diversas rodovias federais (principalmente a BR116, BR101 e BR040).

            Já que a competência pública não é suficiente para administrar negócios transfere-se esse ônus (e infelizmente os bônus também) às empresas privadas. Veja o caso da então deficitária Embraer, que o governo "deu de presente" aos grupos privados e que hoje fatura bilhões ao ano. Um dinheiro que poderia estar nos cofres públicos. Mas melhor assim, empresa é empresa, governo é governo e o país precisa crescer com competência. O fundamental nesse negócio também seria a transparência nessas concessões onde nenhum grupo poderia administrar mais de dois ou três trechos nessas rodovias de forma a multiplicar empresas, empregos e negócios em todos estados e que o capital social dessas administradoras fossem formados por pessoas e empresas distintas (tanto direta quanto indiretamente e seus administradores idem). É o caminho, é um início, depende de trabalho, boa vontade e, por favor, sem propinas...

(*) Fernando Toscano é editor do Portal Brasil, seu currículo

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