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C R Í T I C A
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ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS
ANO VELHO, ANO NOVO
O tempo tem passado muito rápido ultimamente. Mais um ano chegou ao fim, confirmando algumas tendências – boas e ruins – da sétima arte, como a progressiva esterilidade artística de Hollywood, por exemplo. E como todo crítico que se preza, também elaborei uma lista dos melhores filmes que aportaram no Brasil em 2009, destacando seis pérolas.
O luto – individual e coletivo – dá o grave tom de Katyn (2007), discutido na coluna de 16 de abril. Trata-se de uma homenagem de Andrzej Wajda aos poloneses assassinados, especialmente por soviéticos, na II Guerra Mundial, bem como uma meditação sobre a identidade polonesa e a natureza da verdade.
Por sua vez, o iraniano À procura de Elly ou Procurando Elly (Darbareye Elly, 2009), dirigido pelo jovem Asghar Farhadi e tema da coluna de 16 de novembro, demonstra ser possível fazer teatro no cinema com muita competência. Estréia hoje na Academia de Tênis para o público brasiliense.
Premiado com a Palma de Ouro em Cannes, A Fita branca (Das weiße Band: Eine deutsche Kindergeschichte, 2009) é um filme bergmaniano de Michael Haneke. Se o diretor austríaco continua provocador, também realizou seu filme mais elegante e poderoso até então. A fita, que abriu o último FIC Brasília, deve estrear no Brasil ainda no primeiro semestre de 2010. Leiam a crítica aqui.
O drama francês Há tanto tempo que te amo (Il y a longtemps que je t’aime, 2008), coluna de 16 de julho, reúne uma estória comovente, um talentoso romancista estreando na direção e um elenco perfeito – liderado pela fabulosa Kristin Scott Thomas, que realiza aqui a melhor interpretação – masculina ou feminina – do ano.
Outro drama comovente, sobre a vida e a morte, é o japonês A Partida (Okuribito, 2008), justo vencedor do Oscar de Filme em Língua Estrangeira. Um trabalho impecável e nossa coluna de 16 de junho.
Mas se existe alguém que nos faz perder a noção do tempo, esse é o russo Aleksandr Sokúrov. Mais do que um cineasta, Sokúrov é possivelmente o grande artista de nossa época. Alexandra (2007), seu último filme de ficção, trata de uma velha senhora que viaja à Chechênia a fim de visitar o neto, um soldado russo, em meio à devastação da guerra. A personagem-título é interpretada por ninguém menos do que a célebre soprano Galina Vishnevskaya, viúva do grande violoncelista russo Mstislav Rostropovich (falecido em 2007). O casal abrigou em sua casa o grande escritor Aleksandr Soljenítsin (falecido em 2008), enquanto este escrevia a obra-prima O Arquipélago Gulag. Interessante notar que Sokúrov trata da vida de Vishnevskaya e Rostropovich em um de seus documentários – Elegia da vida (2006) – enquanto conversa com Soljenítsin em outro – Os Diálogos com Soljenítsin (1998). Cineasta, músicos e escritor compõem uma nobre família russa; são aristocratas do espírito.
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Depois disso, ainda cabem algumas menções honrosas. A Troca (Changeling, 2008) dramatiza uma extraordinária história real, que nos faz relevar as limitações artísticas de Clint Eastwood. O filme ainda revelou o ótimo ator Jason Butler Harner.
O Grupo Baader-Meinhof (2008) retrata de forma pungente um período conturbado da história alemã e ainda consegue nos dizer algo sobre a natureza do terrorismo. Foi comentado na coluna de 1º de setembro.
Caro Sr. O’Horten (O’Horten, 2007) é uma sofisticada e sutil comédia norueguesa, que faz lembrar Jacques Tati em alguns momentos. Não é tão boa quanto o magnífico Histórias de cozinha (2003), mas confirma o inegável talento do diretor Bent Hamer.
Por fim, Singularidades de uma rapariga loura (2009), adaptação cinematográfica do conto homônimo de Eça de Queirós, é também mais uma demonstração das singulares qualidades do centenário Manoel de Oliveira. Aguardamos agora a iminente chegada dos novos filmes de Werner Herzog, Roman Polanski e Martin Scorsese.
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Enquanto isso, uma boa opção em cartaz é Sempre ao seu lado (Hachiko: A Dog’s Story, 2009), sobre a terna relação entre um professor de música (Richard Gere) e seu cachorro da raça japonesa Akita.
Trata-se de uma história real ocorrida na década de 20 no Japão e filmada em 1987 por Seijirô Kôyama. O enredo, sobre a vida e a morte – como em A Partida, é caracteristicamente japonês, mas também universal. A princípio, então, não há nada de errado com um remake Hollywoodiano.
Infelizmente, o diretor Lasse Hallström e seus colaboradores cometem alguns erros, no manejo do clima – sobretudo na alternância entre drama e comédia – e na questionável utilização de uma câmera que representa a visão do cachorro.
Trata-se aqui, porém, daquele clássico caso de um filme defeituoso redimido, em última análise, pela história essencialmente bela que conta – algo que também ocorre em O Caçador de pipas (2007). Ele se beneficia, entre outras coisas, de uma poderosa metáfora oferecida pelos próprios fatos, qual seja a estação de trem.
Sempre há espaço no período de Festas – e em nosso coração – para um filme sobre a amizade entre homens e animais. E se não posso parabenizar os realizadores pela arte de Hachiko, devo agradecer-lhes por terem me contado uma maravilhosa história que eu ainda não conhecia.
O brasilense que prefere ver a versão legendada tem, pelo menos por uma semana, cinco opções: Brasília Shopping, Cinemark Pier 21, Pátio Brasil, Kinoplex Boulevard e o Embracine Casa Park.
Por Túlio Sousa Borges, [email protected].
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